A leitura é um testemunho oral da palavra escrita.

19/09/2011

Poemas da minha Vida (Os) n. 4



A poesia não é decididamente um dos géneros literários onde esteja mais à vontade, tanto no que respeita à compreensão do pretendido pelo poeta, que só por si torna a minha avaliação muito subjectiva, como pelo muito pouco que tenho lido, não me permitindo igualmente avaliar o excepcional, já que para mim, ou são bons ou não o são... uma avaliação muito redutora da minha parte, mas não dá para muito mais.


Mas debrucei-me um pouco sobre a colecção que o jornal o Público lançou, "Os poemas da minha vida", uma colectânea de poemas, em que diversas personalidades compilam aqueles que para si são os poemas da sua vida em 90 páginas.


O primeiro livro que li, foi a colectânea efectuada por Urbano Tavares Rodrigues, o número 4 da referida colecção. Não vou dizer que me encheu as medidas, mas vou dizer que alguns dos poemas mereceram de minha parte mais do que uma leitura, mereceram uma reflexão e uma segunda leitura.


Urbano Tavares Rodrigues no prefácio a esta 2ª edição, alerta para o facto de "estes não são, no entanto, todos os poemas da minha vida, mas apenas aqueles que o número de páginas previsto consentia", e adverte os menos acostumados à leitura da poesia, que é o meu caso como já disse, "A poesia às vezes não se entrega imediatamente à primeira leitura, à primeira audição. Também a água, a cair de uma cascata ou de uma catarata, não revela logo o seu movimento, mas fascina pelo brilho. certos poemas são como folhas de lume a aquecerem-nos o espírito e o corpo. Pois é preciso lê-los com o corpo - com a voz, com os sentidos." e continua a levar-nos por caminhos novos na leitura da poesia, "O poema, de resto, não é coisa fixa, move-se no espaço e no tempo, segundo a flutuação do gosto. E tem longa vida quando precisamente consegue articular melhor a carne da palavra e o sopro da alma, aquela energia misteriosa que nos rodeia, nos dá asas e, às vezes, nos promete a eternidade".


Ficam 2 poemas, o primeiro completo e o segundo apenas um pequeno excerto que gostei especialmente.


Senhora, partem tam tristes de João Roiz de Castel-Branco [séc. XV]


Senhora, partem tam tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.


Tam tristes, tam saudosos,
tam doentes da partida,
tam cansados, tam chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tam tristes os tristes,
tam fora d'esperar bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.


Muriel de Ruy Belo
...
Dizia que ao chegar se olhares e me não vires
nada penses ou faças vai-te embora
eu não te faço falta e não tem sentido
esperares por quem talvez tenha morrido
ou nem sequer talvez tenha existido.

CLASSIFICAÇÃO DAS LEITURAS...
6-Bom

Título
OS POEMAS DA MINHA VIDA
Colecção
Nº 4  os poemas da minha vida
Tema
Colectânea
Editora
Público
Compilado por:
Urbano Tavares Rodrigues
Páginas
94
Data de Leitura
11/09/2011
ISBN
972-8892-42-X

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