A leitura é um testemunho oral da palavra escrita.

29/08/2011

António Botto - Real e Imaginário

Hoje vou dar inicio a alguns post's de algumas das minhas Leituras Antigas e nada melhor do que começar, por um livro não muito conhecido de um poeta igualmente pouco divulgado, mas que não mais esqueci...

As Minhas Sensações
Quando naquela noite chuvosa de Novembro de 1997, assisti à minha primeira sessão de um autor a fazer o - Lançamento de um Livro -, estava longe de imaginar que hoje estaria aqui a escrever sobre esse facto.
Não sou grande apreciador de Biografias ou Autobiografias, mas o António Augusto Sales apresentou o livro de uma forma que me deixou logo cativado, para o comprar e especialmente para o ler – agora me lembro que o livro me foi oferecido, por quem me levou a esta primeira sessão, o Carlos Loures, que além de muitas outras coisas é um escritor que muito aprecio - este terá sido com toda a certeza a primeira biografia que li, e quando a acabei fiquei impressionado com a vida de António Botto.
António Botto esteve muito à frente do seu tempo em todos os aspectos, incluindo a assunção da sua homossexualidade, o que no final dos anos 30, sendo ele empregado público do regime salazarista, não era coisa de somenos.
Um episódio que demonstra a sua irreverência, foi o de ter sido exonerado compulsivamente da função pública por comportamento indecoroso, conforme despacho do Diário do Governo de Novembro de 1942 e Botto passou a vangloriar-se de ter sido o primeiro pederasta português a ter reconhecimento oficial, aliás passou a imprimir cartões de visita com a referida "Classificação"...

Outra coisa que ficou desta sessão nocturna, na Livraria Astrolábio em Mem-Martins, foi a compra da primeira edição de um pequeno livro, acabadinho de sair, para oferecer à filhota mais velha… Harry Potter e a pedra filosofal. É verdade!!!

Fernando Pessoa escreveu sobre António Botto:

António Botto é o único português, dos que conhecidamente escrevem, a quem a designação de esteta se pode aplicar sem dissonância. Com um perfeito instinto ele segue o ideal helénico. Segue-o, porém, a par de com o instinto, com uma perfeita inteligência, porque os ideais gregos, como são intelectuais, não podem ser seguidos inconscientemente (…) Que essa obra se distingue com facilidade da obra de qualquer outro poeta, português ou estrangeiro- todos, que possam ver, o podem ver (…) Certo é que o que António Botto escreve, em verso ou em prosa, há que ser lido sempre com a atenção posta em o que não está lá escrito. Pode também ser lido com a atenção posta em o que está lá escrito. De qualquer das formas se é leitor.

Sinopse
Referindo-se a António Botto, e perante a originalidade da sua forma de expressão, Guerra Junqueiro chamou-lhe “príncipe de ritmos subtilíssimos”

Por seu turno, o autor desta obra recorda: ”Desde muito novo que a poesia de António Botto me impressiona por representara estética coloquial capaz de estabelecer vibrações rítmicas, afirmando um homossexualismo eivado de violência erótica, ao tempo invulgar, que tanto contribuiu para o seu sucesso como para a sua tragédia. Mais tarde descobri nos seus “contos para crianças e adultos” um fabulador impressionante na beleza das histórias, contenção literária e humanismo; por último um dramaturgo com domínio da linguagem cénica e um sentido trágico do teatro.”
Através deste livro – estruturado de modo a torna-lo agradavelmente acessível – vai o leitor ficar a conhecera personalidade e a obra de António Botto que figura na história da nossa literatura como um grande poeta, senhor de um ritmo perfeito e de um lirismo cativante.

CLASSIFICAÇÃO DAS LEITURAS...
8-Excelente

Título
ANTÓNIO BOTTO – REAL E IMAGINÁRIO
Saga

Tema
Biografia
Editora
Livros do Brasil
Autor
Páginas
248
Data de Leitura
05/12/1997
ISBN
972 38 1611 3

0 comentários: